Uma grande transformação econômica.
Assim pode ser descrito o que está ocorrendo na zona Sul de Rio Preto, que teve forte valorização imobiliária impulsionada pela chegada de empreendimentos comerciais importantes, como Shopping Iguatemi e o condomínio de luxo Quinta do Golfe. Em menos de cinco anos, o local recebeu ou receberá investimentos anunciados de R$ 1,38 bilhão. É a confirmação do que antes se especulava em uma área quase que esquecida por empresas e lojistas, e que vive um momento de transformação e vê seus imensos espaços serem preenchidos por novos empreendimentos.
O novo vetor de investimentos de comércio e serviços de Rio Preto cresce amparado por grandes negócios, como os já citados e o complexo Eurobike, projetos pioneiros e que já deram nova cara àquela região da cidade. “Quando um grande empreendimento se instala, começa a trazer investimentos no comércio do bairro”, é natural, afirma a presidente da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp), Adriana Neves. Segundo ela, o comércio de Rio Preto está se descentralizando, o que é bastante positivo para a cidade. “Esse movimento ajuda na mobilidade urbana e ajuda os bairros a se tornarem autossuficientes de alguma forma”, diz.
Metro quadrado
Os valores do metro quadrado naquela região, especialmente na avenida Juscelino Kubistchek crescem em escala geométrica – o que não necessariamente se concretiza em negócios. Hoje, o metro quadrado de um ponto comercial chega a ser cotado por R$ 2,3 mil, mas os valores foram subindo no mesmo compasso das obras do shopping. Há dois anos custavam cerca de R$ 1 mil, passaram a R$ 1,5 mil e hoje já superam a casa dos R$ 2 mil.
“Esse movimento está relacionado à demanda e à procura e no caso do setor imobiliário não há uma tabela de preços, mas as referências que puxam os valores para cima”, explica o diretor regional do Secovi, Alessandro Nadruz. Ele se refere, por exemplo, ao valor do metro quadrado dos apartamentos do Integrato Iguatemi, que custam a partir de R$ 6,4 mil. Quem tem um imóvel na mesma avenida se baseia nesse valor para precificar o seu. Para os imóveis residenciais, o valor oscila entre R$ 850 e R$ 1 mil.
Entretanto, esse tipo de valorização é algo pontual e repete o que ocorreu no bairro Bom Jardim, no entorno do Plaza Avenida Shopping. Depois de anos paralisada, a retomada da obra e consequente inauguração do centro de compras também valorizou os imóveis residenciais e comerciais. Tanto que há muitos novos prédios de torres comerciais e para moradia sendo construídos naquele local. Para se ter uma ideia, um apartamento de três quartos no Higienópolis, avaliado em R$ 50 mil no início da década, foi vendido por R$ 200 mil 12 anos depois. Um novo ciclo de expansão e valorização pode ocorrer quando as obras de expansão do Plaza forem concluídas.
Decathlon
Uma das novidades é a instalação de uma unidade da rede de esportes francesa Decathlon, mas ainda sem data definida. A loja vai ocupar um grande imóvel que foi construído em frente ao Shopping Iguatemi. No Brasil desde 2001, já são 15 lojas no País. A empresa chama a atenção pelo tamanho e variedade de produtos, que vai de luva de boxe a bicicleta.
Negócios
Se há dez, 15 anos o que se via era mato, hoje os espaços estão sendo ocupados por máquinas e homens a levantar prédios. E, dentre o que já está funcionando há concessionárias de veículos, empresas de mármore, escola de bilíngue, academia de ginástica, galeria com salas para alugar, entre outras. Há rumores também de que um grupo tem interesse de montar um empreendimento grande, inclusive com supermercado, o que deve suprir a carência de serviços como padarias, mercados e tantos outros.
Quem se prepara para se instalar naquela área é a Austrini, que vai montar a primeira loja de móveis planejados da franquia. Segundo o empresário Pedro Henrique Tolentino, serão investidos cerca de R$ 500 mil no espaço, com geração de sete empregos. “Decidimos nos instalar naquela região em função do grande desenvolvimento. Muitos empreendimentos vão se instalar e se expandir, o que aumenta o potencial de clientes da empresa”, afirma.
O empresário Matheus Camargo também decidiu abrir seu negócio na zona Sul. Há dois meses ele inaugurou a Team Nogueira, franquia de academia de artes marciais do lutador Rodrigo Minotauro. Ele investiu pouco mais de R$ 500 mil e gerou 15 empregos. A decisão pelo negócio se deu pelo espaço no mercado e a escolha do local foi totalmente estudada. “É a região mais interessante da cidade para se investir, embora os custos sejam mais altos”, diz.
Segundo ele, o público-alvo – classes A e B – vive naquela região, que oferece ainda a facilidade de estacionamento e começa a quebrar o estigma de ser mais longe, além de ter a presença do shopping, o que influencia muito. “Acompanhei toda a obra da academia e era engraçado contar os carros nos dedos e perceber movimento somente na hora do almoço. Depois da inauguração do shopping o movimento se tornou constante”, disse.
Três empreendimentos se destacam na região
Três empreendimentos que estão sendo construídos na zona Sul se destacam. Dois deles, o Integrato Iguatemi e o Iguatemi Business, estão intrinsicamente ligados ao projeto do Shopping Iguatemi, tanto que vão dividir o mesmo espaço. O terceiro projeto, o Georgina Business Park, fica um pouco mais distante, mas também vai mudar o panorama do local e tem em comum com o Iguatemi Business o fato de ser uma torre de salas comerciais.
O Integrato foi lançado no fim de junho pela Rodobens Negócios Imobiliários com Valor Geral de Vendas (VGV) superior a R$ 110 milhões. São torres residenciais com apartamentos de alto padrão, com opções de 83, 105 e 174 metros quadrados. O condomínio será construído integrado ao shopping e vai oferecer duas e três suítes, ou quatro dormitórios com duas suítes, terraço gourmet. O diferencial é a possibilidade de o cliente personalizar seu imóvel.
O Iguatemi Business é uma torre comercial com 20 andares e salas com preços a partir de R$ 7,8 mil o metro quadrado. Cada andar tem 530 metros quadrados e também pode ser adaptado de acordo com o interesse do cliente em escritórios que vão de 35 a 66 metros quadrados e que podem chegar à metragem total de 530. Com investimentos de R$ 50 milhões, a previsão é de que a inauguração seja em junho de 2016.
O Georgina não fica colado ao Iguatemi, mas está na rota para chegar até ele, na conjunção das avenidas Anísio Haddad e Benedito Rodrigues Lisboa. Serão 12 torres comerciais e mais de 2,6 mil vagas de estacionamento instalados numa área de 130 mil metros quadrados, que terão ainda residências, escritórios, restaurantes, galerias de lojas, etc.
Um diferencial do centro de negócios será o heliponto. Ali também será construído o Hilton Garden Inn. A construção será feita em etapas: a primeira (três torres e o hotel) será entregue em dezembro de 2016. “Setenta por cento das unidades comerciais estão comercializadas e pretendemos comercializar as 74 unidades residenciais em breve”, afirma Rafael Hawilla, diretor da HDauff Empreendimentos Imobiliários. Os investimentos são da ordem de R$ 500 milhões.
Concessionárias apostam no luxo
Em 2012, com investimentos de R$ 20 milhões, o grupo Eurobike se transferiu para o bairro Jardim Moisés Miguel Haddad e montou o que é considerado o maior complexo de veículos premium da América Latina. Numa decisão arrojada, a empresa, com dez anos de Rio Preto, se mudou para uma região ainda de pouco movimento.
Num espaço de mais de 7 mil metros quadrados, há showrooms personalizados e separados das marcas importadas Audi, BMW, BMW Motorrad, Mini, Land Rover, Porsche e Volvo. No fim do mês passado, o grupo instalou uma loja conceito no Shopping Iguatemi. Lá, os clientes podem conhecer serviços, promoções das marcas e fazer test drives em motocicletas. Foram investidos R$ 150 mil no empreendimento.
Hyundai
Em janeiro deste ano, a Rodobens Automóveis inaugurou sua primeira concessionária Hyundai Motor Brasil em Rio Preto. A nova loja tem exclusividade de vendas do modelo HB20 – os primeiros produzidos na nova fábrica da montadora em Piracicaba. A concessionária ocupa uma área total de 6,5 mil metros quadrados, dos quais 2,4 mil metros quadrados de área construída. Foram investidos cerca de R$ 6,5 milhões.
Num balanço do mês passado – seis meses depois da inauguração -, a empresa registrou resultados que superaram as expectativas iniciais dos executivos da empresa. Neste período, mais de 600 unidades de HB20 foram vendidas pela concessionária. Somente no mês de junho, a unidade atingiu o recorde de 124 veículos vendidos.
Quinta do Golfe valoriza o verde dos espaços
Outro megaempreendimento oferece uma paisagem totalmente diferente na zona Sul de Rio Preto: o Quinta do Golfe. Discretamente construídos em meio a muito verde, o condomínio residencial e o clube de golfe são ambientes que priorizam a tranquilidade dos moradores e carregam a marca da sofisticação. “No meio dos quatro condomínios corre um campo de golfe de 18 buracos reconhecido internacionalmente pela qualidade.”, afirma Rafael Hawilla, diretor da HDauff Empreendimentos Imobiliários e Diretor de Esportes do Quinta do Golfe Clube.
Lançado em 2008, o Quinta do Golfe Residencial foi entregue em 2010 e hoje tem cerca de 100 imóveis construídos. Em novembro do ano passado, foi lançado o Quinta do Golfe Jardins, com 518 lotes de 450 a 1.270 metros quadrados; o Quinta do Golfe Reserva, com 44 lotes de 500 a 800 metros quadrados, e o Quinta do golfe Horizontes, com 22 lotes de 1,5 mil a 3 mil metros quadrados – no ponto mais alto do complexo. O clube é aberto ao público para treinar e jogar.
Até agora, os empreendedores já investiram em torno de R$ 400 milhões. E, quem comprou terrenos na primeira fase do negócio já sentiu a valorização. Segundo Hawilla, em 2008, o metro quadrado mais barato custava R$ 300. Hoje, há comercialização de revenda de até R$ 1,5 mil. Com previsão de entrega dos outros três condomínios em 2015, ainda é possível comprar lotes com preço a partir de R$ 700 o metro quadrado. “Rio Preto cresce em todas as regiões e a zona Sul, especificamente, sempre teve ocupação com padrão diferenciado. Isso só se fortalece com empreendimentos que ajudam a desenvolver a economia da cidade.”